terça-feira, 29 de novembro de 2011

Figurinha - Parte I

Hoje estava no meu trabalho contando algumas das pérolas de Mateus (mãe é tudo besta, adora ficar horas falando das descobertas dos filhos) e aí uma colega disse que eu deveria registrar aqui no blog.

É verdade... E não foi essa uma das coisas que eu mencionei quando contei que queria escrever?! Então lá vai, como é muita história, a medida que eu me lembrar e que fatos novos acontecerem, vou postando aqui para vocês.

Mateus esse ano encarnou os super heróis. Tanto, tanto que a festinha de aniversário dele teve o tema Max Steel que era a febre da época... Ele sempre gritava como o herói "Modo Turbo" sempre que ia sair correndo ou pulando por aí, com direito a entonação e tudo (por causa disso, o pai virou o Elemento Terra, a babá o Elemento Água, e eu, ainda bem que virei a Kathy que é uma amiga-colorida do herói, então não sofria golpes)... Uma figura. Quando Lucas nasceu, eu comprei uma fantasia do ídolo para ele, com o argumento de que o irmão teria trazido de presente e isso funcionou que foi uma beleza no primeiro dia (claro que depois ele nem lembrava da fantasia nas horas das crises de ciúmes). E no aniversário, nós o vestimos de Max Steel para cantar os parabéns, foi uma coisa linda...

Mas, como eu ia dizendo, ele realmente encarnou os super heróis e tem algumas fantasias. No início do ano, adorava ir à escola de Batman, depois de Homem Aranha e Max Steel, Super Man, Woody... Aqui a gente curte muito incentivar a criatividade, então...

Ultimamente, meu filho virou o Ben 10... Pronto! Por causa disso, dia desses eu estava com ele passeando e ele, pra variar saiu correndo na frente, e eu gritei: Mateus, para de correr senão pode vir alguém e roubar você e eu nem vou ver... E o que ele fez?! Bateu bem forte no relógio dele ("omnitrix") e gritou "Ben 10, bala de canhão" e saiu em disparada... Completamente destemido (e sem noção) esse meu filho! Coisas de criança!


Meu herói...



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Irmãos


Desde o dia em que eu pensei em ser mãe nunca imaginei a minha vida apenas com um filho. Sempre quis no mínimo dois... Acho irmão o máximo. Não sei lembrar da minha infância e adolescência sem lembrar das minhas irmãs. Sou a mais velha de três filhas. Só mulheres em casa, algumas brigas, mas muitas brincadeiras. Por ser a mais velha, muitas vezes colocava as meninas em situações um tanto inusitadas. Verena que o diga... E Veruska, companheira de todas as horas, "aprontanças" e muita cumplicidade.

Depois que Mateus nasceu, muita gente me perguntava se eu teria coragem de embarcar novamente nessa viagem de ser mãe. Eu respondia afirmativamente... Ser mãe só me deixou com mais vontade de ter outro bebê...

Mas aí, quando Lucas nasceu, uma das minhas maiores angústias com a surpresa que ele trouxe (e sei que Marcelo se sentiu exatamente como eu) foi relacionada a Mateus. Logo que soube da notícia, fiquei preocupada em como eu iria administrar a tarefa de mãe de dois filhos pequenos (afinal de contas, Mateus só tem 3 anos, é um bebê grande), sendo um deles especial. Ficava com medo de negligenciar com Mateus, de não saber como lidar com o volume de atividades de Lucas... De pensar em como Mateus conviveria com  essa realidade.

Com o tempo, isso foi se ajustando em nossos corações. Até porque Mateus e Lucas se olham de uma forma tão linda, com tanta ternura que a gente tem a certeza de que eles é que sabem de tudo mesmo.
Além disso, conheci duas pessoas que me trouxeram depoimentos tão fascinantes sobre suas relações com seus irmãos (também com síndrome de Down): uma dessas pessoas é Leonardo Gontijo, irmão de Dudu (http://www.editorasaojeronimo.com.br/manodown/?paged=2). História linda de um irmão apaixonado, que até virou livro. E Mirele, irmã de Camila, que conheci em um encontro na Ser Down. Léo e Mirele, obrigada por me fazerem conhecer esse amor... Vocês são lindos e apaixonantes. Mais ainda: vocês são pessoas abençoadas!

Para completar, recebi um texto por e-mail, que me emocionou muito. Mas que me deixou muito orgulhosa e feliz por saber que meu filho mais velho terá sim muitos desafios, mas será uma pessoa com uma visão de vida bem diferente. O texto segue abaixo e vale muito a pena ler.

Entre tapas e beijos, lutas e brincadeiras, se desenvolve um relacionamento entre duas ou mais crianças que compartilham e brigam pelo quarto, pela cadeira, pelo programa da TV, pelo amor dos pais.

O relacionamento entre irmãos em todas as famílias sempre envolve emoções conflitantes. Mesmo os adultos, que hoje afirmam ter tido bons relacionamentos com seus irmãos na infância, se levados a lembrar mais detalhadamente, vão se recordar de terem sentido emoções como raiva, ciúmes, inveja, medo, preocupação, vergonha e até ódio, acompanhados de amor, admiração, respeito e amizade. Ou seja, mesmo a família mais sensível e adequada, terá no relacionamento entre irmãos um desafio e uma incógnita, com todas as provocações, brigas e esforço que irmãos requerem entre si e de seus pais.

E quando a essas relações já tão intensas e complexas se soma um irmão com a Síndrome de Down? Quando pensamos numa criança ou adolescente com SD, logo pensamos em seus pais, no seu envolvimento, seus sentimentos, preocupações e responsabilidades relacionadas a esse filho. Porém, o nascimento de uma criança com SD não afeta apenas seus pais, mas sim todos os membros da família. E os seus irmãos? Como essa experiência afeta seu desenvolvimento social e emocional?

Quando um novo bebê chega em casa, é natural que os pais dêem prioridade a ele na maior parte do tempo. Quando o bebê que chega tem a SD, esse desvio da atenção pode ser ainda maior, pois os pais estarão lidando com suas próprias emoções e tentando lidar com essa informação nova em suas vidas, a Síndrome de Down. À medida que a criança cresce a atenção a tudo que se refere às suas necessidades médicas, escolares e sociais continua. O irmão, mesmo sabendo que existem motivos para isso, está consciente de que os holofotes podem estar sobre seu irmão com SD em um tempo desproporcional e injusto. A atenção dos pais, afinal, é a coisa mais difícil de se compartilhar.

 A deficiência de um filho e irmão nunca é desejada e, quando acontece, desperta sentimentos de perda, culpa, raiva, negação, vergonha, pena, medo e tantos outros complicadores do desenvolvimento das relações na família e da personalidade dos seus irmãos. Ao perceber que irmãos estão tendo sentimentos como frustração ou ciúmes, é importante que a família não desautorize, evite ou impeça estas sensações. A simples pergunta "Me diga por que você está se sentindo assim?", faz com que a criança encontre espaço para que a comunicação flua.

 Os sentimentos desenvolvidos pela presença de irmãos portadores de deficiência variam bastante e são muitas vezes contraditórios. Irmãos geralmente ficam muito orgulhosos das conquistas alcançadas pelo irmão com a Síndrome; reconhecem cada aprendizagem, os defendem diante das dificuldades, torcem pelo seu sucesso. Mas, por outro lado, eles podem sentir raiva e ciúmes da atenção extra, e depois, culpa por terem se sentido assim. A agressividade, em muitas famílias, é um canal natural que os irmãos encontram para resolver frustrações e ciúmes. Quando um irmão tem SD ou necessidades especiais, esse instinto natural fica inibido pelo respeito às limitações do irmão. É um turbilhão de emoções conflitantes.

 Os irmãos de uma criança com SD também se preocupam mais: preocupam-se com a saúde, eventuais cirurgias, questões de segurança, sobre seu futuro e sua felicidade. Pensam também sobre o comportamento do irmão em ambientes sociais. Esse embaraço costuma crescer na adolescência, pela necessidade forte de fazer parte do grupo, nesta fase.

Apesar dessa profusão de sentimentos, estudos revelam que irmãos e irmãs de crianças com SD costumam ser afetados mais positiva do que negativamente, pois tendem a desenvolver generosidade, empatia e respeito à diversidade. Irmãos de pessoas com SD relatam que aprenderam muito nessa relação: são mais sensíveis, responsáveis, pacientes e tolerantes. Crescer com um irmão ou irmã com SD pode trazer uma riqueza de experiências e uma melhor qualidade de vida, abrir caminho para traços positivos de caráter, ajudar a desenvolver melhor senso de humor e confiança, e introduzir todos à visão de comunidades inclusivas. Uma grande porcentagem de irmãos de pessoas com SD procura carreiras relacionadas com medicina e reabilitação.

Para a criança ou jovem com SD, seus irmãos são aqueles que mais os conhecem, que mais os desafiam, estimulam sua criatividade, seu senso de defesa e de aventura.

A postura que os pais demonstram frente à SD de um de seus filhos, tem papel de grande importância no tipo de relacionamento que vai se desenvolver entre irmãos. Pais que aceitam a SD de seu filho, falam abertamente sobre ela e vêem a educação de cada filho de forma aberta e justa, que deixam claro que amam cada um deles com suas falhas e qualidades. Uma família que investe na colaboração e demonstra interesse por todos os filhos, ainda que possa estar mais empenhada na estimulação de um deles; uma família que percebe que qualquer filho é vulnerável a sentimentos como insucesso, inadequação, solidão e competitividade, têm diante de si a probabilidade maior de alcançar uma relação de cumplicidade entre irmãos.

Estratégias para promover um relacionamento familiar saudável (Fonte: Brian Skotko/ Children's Hospital Boston/ 2007)

1- Sejam abertos e honestos e expliquem sobre a SD o mais cedo possível. Encoraje seus outros filhos a fazerem perguntas; responda-as em seu nível e com honestidade. Se eles não
perguntarem, de tempos em tempos perguntem se eles têm perguntas ou preocupações. Os irmãos devem saber quais são os planos de seus pais para o futuro de seu irmão com SD; assim, acalmam-se as apreensões e os outros irmãos podem participar da construção deste futuro.

 2 - Deixem os irmãos expressarem seus sentimentos negativos - Reconheçam o fato que às vezes é difícil ser irmão ou irmã de uma pessoa com deficiência. Dê-lhes privacidade e tempo e não espere que sejam santos.

3- Reconheçam os momentos difíceis pelos quais os irmãos podem estar passando - enquanto vão crescendo, os irmãos e irmãs começam a se dar conta que nem todo mundo na sociedade tem as mesmas crenças e valores da sua família. Estejam também atentos ao fato de podem ficar mais sensíveis em certas situações sociais e sempre incluir o irmão com SD pode ser desconfortável algumas vezes.

 4- Limitem as responsabilidades de guarda - crianças precisam ser crianças. Deixe que eles sejam irmãos e não um outro pai ou mãe. Seu filho com deficiência se beneficia mais por ter irmãos do que uma família cheia de pais.

 5- Não valorize apenas as conquistas do filho com SD. Reconheça a individualidade de cada criança da família. Sempre diga a cada filho o que os torna tão especiais. Eles querem sentir que vocês os notam também. Comemore suas conquistas e reserve um tempo individual para cada um de seus filhos.

6- Sejam justos - ouçam os dois lados da história e se assegurem que cada criança tenha responsabilidades apropriadas ao seu nível de habilidade. Lembrem-se que nem sempre é o mais velho ou o filho mais capaz que começa uma briga; e que o filho com SD também pode ter tarefas e deveres em casa.

 7- Quando os pais têm apoio, eles ficam melhor equipados para a caminhada. As crianças costumam se espelhar no exemplo de como os pais estão se comportando e lidando com a situação.

 8- Procurem ou criem grupos de apoio a irmãos. Se um grupo não for possível, propicie a oportunidade de seus filhos encontrarem outras crianças com SD e seus irmãos.

(Baseado em "The Sibling Relationship: Attending to the Needs of the other Children in the Family" - Susan P. Levine. Traduzido e adaptado por Josiane Mayr Bibas - Associação Reviver Down)

Agora, para vocês os meus amados filhos e todo o carinho de irmãos...



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sampa Parte IV - Jardim Zoológico

Esse é o meu derradeiro post sobre a nossa viagem a São Paulo, espero poder voltar lá, mas só daqui a um ano para reencontrar Zan ou a passeio!

O único passeio que conseguimos fazer foi ao Jardim Zoológico. Eu não sou muito fã, fico com dó dos bichinhos presos, acho que eles não são felizes, enfim... Mas, criança adora e é uma oportunidade para eles verem de "perto" alguns animais que não são vistos rotineiramente.

O meu príncipe Mateus ultimamente anda encantado por leões... Assistiu a alguns desenhos (Simba, Madagascar e Bichos unidos jamais serão vencidos) e vive rugindo feito um leão, coisa mais linda. Ele está craque, cada dia faz melhor, rsrs. Por isso, achamos que ele merecia visitar esse local, até porque o lindinho estava se comportando tão direitinho nos restaurantes, clínicas, hotel, shopping (umas fugidas de vez em quando, porque ele adora correr e algumas manhas no carro, na rua... Mateus se acha... Isso merece um post à parte!).

Então, a expectativa era essa: encontrar o leão. Nós acordamos cedo (como de costume), tomamos café e nos arrumamos para sair. Pegamos um taxi (#caropracaramba#longepradedéu#) e seguimos ao local desejado. Eu nunca tinha ido ao zoo de São Paulo (já falei, né, não gosto...). É enorme. E muito bonito também. Uma beleza para Mateus correr livre, leve e solto! Ele adorou. Ficou encantado com cada animal que viu. Demonstrava deslumbramento até com os sapos (blergh!) e pássaros. Adorou ver as girafas e o lobo. Curtiu os ursos, os jacarés, o tigre, a onça, as cobras, os macacos ("'tive' até gorila, mamãe!") e adorou o passeio. Mas, e o leão? Tava dormindo... Aquele safado mal mexia as orelhas... Mateus o viu, acho que ficou um pouco desapontado, era uma fêmea... Cadê a juba? Não era o Simba, era a Nala...

O balanço do passeio: uma delícia, nem nos sentimos cansados. Curtimos cada momento de admiração do nosso pequeno. Ele estava realmente feliz. E meu príncipe Lucas? Onde estava esse rapaz? Curtiu tudo no carrinho, mamou, tirou um longo cochilo e sorriu, sorriu muito com as travessuras do irmão mais velho.








Olha só o sorriso que eu ganhei no fim do passeio! Coisa mais linda...


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sampa Parte III - Ecokids

Depois da consulta com Zan, como escrevi no post anterior, ficamos mais seguros e tranquilos com relação aos cuidados e sobre o início da dieta de Lucas. Saímos de lá determinados a procurar Ivalda, uma fonoaudióloga muito conhecida em Salvador e que tem uma experiência fascinante com crianças especiais. Por tudo o que fiquei sabendo, Ivalda é uma profissional exigente, mas muito participativa e orientadora. Tudo o que eu preciso!

Enfim, mesmo mais seguros, havia algo que provavelmente não nos deixaria ter o melhor dos sonos naquela noite... O Zan ficou preocupado com o coração... Isso realmente me deixou apreensiva. Fomos dormir bem tarde, porque Mateus estava ansioso a nossa espera e ficou ainda mais elétrico depois que nos reencontrou, então, história vai, história vem, conversa vai, conversa vem, e coça aqui, coça nas costas, faz carinho papai... Depois de algum (longo) tempo, ele dormiu e nós fomos dormir também.

Acordamos bem cedo e ligamos para a clínica que o Zan tinha nos indicado, mas a médica que ele recomendou estava viajando. O dr. Gustavo nos atenderia então. Tudo marcado para às 11:30. Fomos todos juntos, eu, Celo, Mateus, Luquinhas, meus pais e minha dinda (que mora em Sampa e é médica, então pedi que nos acompanhasse inclusive nos exames).

Chegamos no horário e não demoramos para ser atendidos. Meus pais ficaram com Mateus na sala de espera e eu e Celo entramos com Luquinhas, na companhia de minha tia Lú.

O médico, muito simpático, educado e cortês foi muito legal. Se comunicou com Lucas, brincou um pouco com ele antes do exame e seguiu com o ecocardiograma. Durante o exame, em alguns momentos ele nos mostrava e explicava o que estava acontecendo. Nos mostrou a CIV (segundo ele é uma só) e a CIA (bem pequenininha) - expliquei um pouco sobre isso no post sobre cardiopatias congênitas.

Depois de um bom tempo examinando meu pequeno, o dr. Gustavo finalizou o eco e veio nos explicar tudo como se nada soubéssemos. Ele confirmou muitas coisas que a médica daqui de Salvador já havia nos explicado, porém, nos contou que a CIV está posicionada bem próxima à válvula mitral e o que isso significa? Bem, como eu já contei anteriormente, muitas dessas comunicações se fecham fisiologicamente com o tempo e era essa a nossa esperança, mas segundo ele, nessa posição é um pouco mais difícil fechar (arrasada) e a possibilidade de intervenção cirúrgica é bem maior do que eu imaginava. E mais: ele recomenda que uma cirurgia desse porte (muito comum nas pessoas com a síndrome) seja feita antes da criança completar um ano, por causa da recuperação, da passividade e aceitação com os aparelhos, agulhas etc (realmente não consigo imaginar Mateus quieto depois de uma cirurgia, acho que ele arrancaria as agulhas e ficaria bem agitado e descontente). Ele não afirmou que teremos que fazer a cirurgia, mas foi bem insistente em lembrar que Lucas precisa de acompanhamento periódico e de medicamentos (porque o fluxo de sangue que passa para o pulmão está um pouco maior do que deveria e isso pode comprometer a qualidade de vida dele).

Eu realmente não estava esperando por isso. Vocês devem estar se perguntando: e essa médica não viu isso? Bom, para ser bem sincera, não sei. Nos meus primeiros momentos com Lucas eu tinha que absorver tantas informações que em alguns momentos minha mente apagava. Principalmente quando se tratava de alguma notícia desagradável (e essa é uma notícia desagradável). Por isso, agora no dia 23 de novembro teremos mais uma consulta com ela e vamos lá pedir que ela nos explique mais uma vez e contar como foi essa visita à São Paulo. Seja lá o que Deus quiser (pode ser que a gente mexa um pouco com os brios dela, né?!).

Enfim, estou sim preocupada, ansiosa, chorei mais um pouco e ainda choro quando penso nisso, mas racionalizei: preciso estar com os meus pés no chão para ajudar meu filho. Preciso ser forte porque sei que ele confia em mim e que precisa da minha serenidade ainda mais nesse momento. Então, pedindo muito a Deus que cuide e proteja o meu filhote, aqui estou eu (estamos nós) partindo para mais uma batalha. Eu já sabia que não seria fácil. Mas com amor, tudo ficará bem e meu Luquinhas também... Deus está no comando.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sampa Parte II - Encontrando Zan

Então que vou escrever um pouco sobre o nosso encontro com o dr. Zan Mustacchi. A nossa consulta foi no dia 20 de outubro, quinta-feira, às 18:30.

Depois de um trânsito muito enjoado, nós chegamos ao CEPEC, no Morumbi. Além do consultório do Zan, lá também são realizadas terapias (fono, fisio, terapia ocupacional) e duas crianças estavam na sala de espera com suas mães. Duas crianças especiais e lindas... Estavam brincando e aguardando. Depois chegou mais uma paciente, acho que o nome dela é Mel, chegou com um novo visual pelo que ouvi e veio logo nos abraçando e brincando com Lucas. Mel já é bem mais velha e vou contar para vocês: linda. Tão bem articulada, conversando, comunicativa, vaidosa, esperta, simpática. Adorei.

As paredes da sala de espera estão cheias de fotos dos pacientes. Fotos, mensagens, avisos. As fotos são uma atração a parte. Mas, lembro demais de uma frase que estava lá: "Se você não pode mudar seu destino, mude sua atitude." Fiquei pensando nisso. Em alguns momentos, estive muito emocionada com as fotos, com as frases, com as crianças.

E aí fomos encaminhados ao consultório do dr. Zan, um médico diferenciado e por que não dizer, especial. Dr. Zan é um cientista. Mas, antes de tudo, a gente percebe uma coisa: o Zan é um homem de bem.

A consulta começa com algumas perguntas sobre a família, sobre o início e logo depois ele nos ensina muito sobre a síndrome de Down. Com poucas palavras, mas sempre muito assertivo, dr. Zan nos fala sobre as três principais características da síndrome (fenótipo, hipotonia e deficiência intelectual) e discorre por um bom tempo sobre cognição, que era um conceito que precisava ser pacificado entre nós três. Depois, faço questão de contar mais sobre isso aqui. Por agora, vou falar sobre a consulta.

Lucas precisava estar em jejum por causa do exame da vesícula biliar e por isso foi levado de mim por alguns (longos) instantes, já que estava impaciente buscando o leitinho dele. Retornou chorando bastante (#fiquei chateada#), mas era necessário para a execução do ultrassom.

O exame clínico correu bem, apesar do choro do meu pequeno. O Zan avaliou atentamente o meu filhote e, ao final, mostrou-se um tanto preocupado com a ausculta cardíaca (#angústia#). Depois das avaliações, sentamos para conversar e para Luquinhas mamar! Daí, ele nos conversou sobre o peso que ele achou ótimo. E nos lembrou que a curva de crescimento e de peso da criança com síndrome de Down não é a mesma curva utilizada para uma criança comum. Passou alguns complementos vitamínicos (um deles Lucas já estava tomando) e pediu que não administrássemos ferro (depois um post exclusivo sobre o assunto).

Além disso, alterou a dieta de Luquinhas que já estava até comendo uma papinha de mamão: ele disse que existe um percentual de crianças com a síndrome que apresenta prisão de ventre depois do mamão... Imaginem! Não sei se é o caso de Lucas, mas o intestino dele que já é lento ficou ainda mais depois do mamão - suspendi. Ele pediu que voltássemos a dar apenas o suquinho diluído em água por sete dias, variando as frutas depois do terceiro dia e no sétimo dia, à tarde, oferecer o suco in natura e depois de quinze dias iniciar as papinhas de frutas da mesma forma gradual (três dias seguidos para cada nova fruta). Falou sobre água de coco e que é legal o leite artificial com ameixa (isso mesmo!) para melhorar a constipação intestinal.

Mas, ao final, ele nos pediu que realizássemos um ecocardiograma lá em São Paulo no outro dia, porque estava preocupado com o coraçãozinho do meu bebê... Será que eu dormi bem?!

Por fim, o dr. Zan achou Lucas ótimo, exceto pela dúvida com o sopro, e pediu que a gente volte lá para acompanhamento em um ano (ou menos se pudermos).

Nós adoramos a consulta. Não só por causa da experiência, da competência, mas muito mais pelo zelo, pelo carinho, pela atenção, pelos ensinamentos. Foi um momento muito feliz, muito especial. Saímos de lá depois das 21h e felizes, serenos. Preocupados, mas muito satisfeitos e mais seguros.


Sampa Parte I - Avião

Uma amiga (minha querida Mila) comentou sabiamente na minha última postagem que viajar de avião com crianças merece um post a parte e eu posso garantir a vocês: merece mesmo! Ainda mais quando se trata da primeira viagem de avião.

Já faz parte da criança o olhar atento para as novidades. E isso nos faz enxergar coisas que por causa do costume, da rotina, antes não havíamos percebido. Só por esse fato, conviver com a novidade no universo infantil já é muito prazeroso.

Então, que no dia 19 de outubro nós acordamos com boa parte das coisas organizadas, mas...

Pense na quantidade de malas para viajar com essas duas pessoas... A gente leva coisas que nem sabe se vai usar, mas, por precaução, melhor não vacilar... Remédio, lanches, roupas a mais, dentre outras coisinhas... Por causa disso, a manhã acabou sendo curta para tanto check-list!

O nosso voo estava marcado para 14:30 e nós saímos de casa bem atrasados, pra lá de 13:15 e no caminho, ainda tivemos um contratempo. Pense que eu sou apavorada para viajar de avião (aliás, não gosto muito de estar com os pés fora do chão, sou realmente elemento terra), e com isso fiquei logo pensando que alguma coisa ruim estaria para acontecer! Meus pais já tinham feito o check-in e estavam apenas nos aguardando e aí, o que aconteceu? Perdemos o voo... Pronto, e agora o próximo somente às 16:30. Duas horas aguardando no aeroporto com os dois pequenos.

Bom, hora de Lucas mamar, então sugeri que nos encaminhássemos ao fraldário. E já no fraldário, Lucas no peito, Mateus com Marcelo sentadinhos me aguardando e o que acontece? Apagam-se as luzes! Sem energia. Essa foi ótima! Ficamos por alguns bons minutos no escuro e ainda bem que estávamos todos juntos, porque Mateus adora ficar correndo, livre, leve e solto em nossa frente. Imagina se eu estivesse sem ele nessa hora... Não quero nem pensar, mas acho que eu ia ficar louca!

Até que não demorou muito e depois de muitas estratégias para distrair Mateus, nós embarcamos. Dentro da aeronave, Mateus parecia já um experiente viajante: foi para a poltrona (janela), pegou o cinto e disse: "fecha o cinto, mamãe", muito fofo.

Foi uma viagem tranquila e muito divertida, o meu medo desapareceu e cedeu espaço a muitas gargalhadas com as caras de Mateus e um sonoro: "radical!" quando o avião decolou. Ele ficou muito bem comportado e feliz. Lucas passou uma parte do tempo mamando e depois dormiu. Só acordou em Sampa. Também ficou muito bem. Mateus reclamou um pouco do ouvido na descida, mas logo se resolveu - ele é muito esperto e segue bem as orientações (claro que nem sempre).

Quando desembarcamos e descemos no salão para buscar a bagagem, quem tinha acabado de chegar? Meus pais que haviam saído duas horas antes de nós... O voo foi alterado (e nós só soubemos disso no aeroporto) e fez escala em Porto Seguro. Logo vi que fomos tirados desse voo para evitar mais uma descida e mais uma subida... Obrigada, Senhor, nada de coisas ruins, só coisas boas!


Recalculando Rota*

A ideia de escrever esse texto surge de uma necessidade absurda de expressar a minha gratidão. Sim, esse é o sentimento mais marcante dessa...