segunda-feira, 13 de abril de 2015

4 anos!!!

Eu acordei ontem certa de que iria escrever um texto sobre mais um ano de vida do meu pequeno. Mas, eis que fui surpreendida com uma postagem da querida Betina no Facebook, com uma foto linda de nós dois... Fiquei literalmente sem ar. Meu pensamento ficou atrapalhado! Aquele depoimento de Beti me fez refletir sobre o quanto esses quatro anos mudaram a minha vida. É óbvio que ninguém fica igual depois de ser mãe. Seja como for! Minha vida se transformou depois do nascimento de Mateus, meu primogênito. Uma transformação positiva, mas que de verdade não alterou o curso que minha vida estava tomando.

Mas, depois de Lucas... Um movimento que parecia estar descansando em meu coração tomou fôlego. Depois de Lucas, eu entendi exatamente para que lado os meus projetos pessoais e profissionais iriam andar. Ainda lentamente, mas caminhando, vou estudando e construindo as bases para a realização de um sonho adormecido.

Agora, já se passaram quatro anos do nascimento do meu galego lindo. E a cada dia, Lucas nos presenteia intensamente com seu amor, sua empatia, sua alegria, seu sorriso contagiante e toda sua energia.

Não, eu não esperava que fosse diferente. Do fundo do meu coração! A minha ignorância anterior a respeito da trissomia não permitiu que eu poluísse a minha mente com pensamentos negativos e expectativas grandiosas a respeito da vida de meu filhote. Só alguns pequenos devaneios, tipo: “será que ele vai casar?” – Confesso! Sou gente, né, gente?! Tinha muito medo de perder meu pequeno diante de tantas avaliações e consultas que só pensava em ficar agarrada a ele, aproveitando cada segundo que o universo me concedesse (acho que sou um pouco assim, pegajosa, com eles dois mesmo...)

Meu filho está crescendo, mostrando para todo mundo quem ele é. Lucas é um menino encantador. Mesmo com algumas birras e teimosias. Ele seduz ao primeiro olhar, ele brilha... Isso está parecendo papo de mãe babona... Mas, na verdade, eu observo o jeito das pessoas que se aproximam dele, sabe?! Dificilmente alguém não abre um sorriso perto de Lucas. Dificilmente alguém não acolhe ou não retribui a simpatia dele!

Hoje, 13 de abril de 2015, eu acordei com o coração um pouco apertado. Demorei alguns minutos para entender por que aquele aperto no peito. Depois compreendi. Foi numa manhã cinzenta como a de hoje, há quatro anos, que eu conheci um tal diagnóstico. E em meio a tímidas lágrimas, perguntei a Marcelo se, com o passar do tempo, eu esqueceria de tudo o que aconteceu durante aqueles três primeiros dias do nascimento do meu pequeno, mas especialmente aquele dia. Já escrevi aqui antes que conhecer esse tal diagnóstico durante a gestação não me faria tomar nenhuma atitude para interrompê-la. Isso me dói na alma! (Esclarecendo que não julgo, não levanto bandeiras e nem me manifesto a respeito do tema, apenas eu sou assim...)

O que eu queria de verdade era poder ter recebido o meu Lucas, meu iluminado, com todo o brilho que ele merecia. É essa a minha dor... E eu sei que vai passar. E cada mãe gestante ou recém parida que eu encontro e que conheço a história, tento fazer compreender que é apenas mais um filho, com algumas características diferenciadas (e nesse ponto, precisamos ter cuidado e estar atentos, porque todo ser humano tem as suas características especiais e nem sempre elas correspondem ao que idealizamos). Isso faz com que eu me sinta colaborando para acalentar o coração delas, como eu gostaria que tivessem feito comigo.

Quando eu olho para ele e para o desenvolvimento dele, eu percebo o quanto o nosso amor o faz bem. Tantos amigos e terapeutas que não cansam de mencionar o quanto o amor é importante na vidinha dele... Eu fico lisonjeada, mas por outro lado eu penso: “e podia ser diferente?”; "Podia não existir amor"? 

O respeito às características dos meus dois filhos, o aprendizado diário que eles me trazem, o carinho que sinto e o quanto esse amor preenche o meu coração só me faz ter a certeza de que estou trilhando o caminho certo.

E apesar de ainda sentir um aperto no peito quando lembro daqueles momentos, daquela aflição, daquela angústia, da falta de sensibilidade de alguns profissionais, de toda aquela conversa confusa sobre estimulação, de todas aquelas frases de consolo e conforto, eu sigo em frente tendo a certeza de que era essa a minha história e da minha família. E que juntos, nós quatro, vamos construir um caminho de amor e de luz.


Nós quatro!*

Esta é a foto que me fez suspirar!*
 *Fotos: Betina Valente

Recalculando Rota*

A ideia de escrever esse texto surge de uma necessidade absurda de expressar a minha gratidão. Sim, esse é o sentimento mais marcante dessa...