Tempos atrás, estávamos eu, Marcelo e os meninos dando um passeio em uma pracinha perto de onde eu moro e aí encontramos uma colega minha que me abordou, perguntando se eu já tinha retornado ao trabalho, sobre como estavam os meninos, etc.
Então, eu comecei a contar de Mateus e de Lucas, sobre a fisioterapia, fonoaudiologia, etc. Eu pensei que ela já soubesse da síndrome de Down, mas ela não sabia e me perguntou por que Lucas tinha que fazer tantas coisas... E eu respondi naturalmente que Lucas nasceu com síndrome de Down e que precisa de alguns estímulos especiais, e ela prontamente me soltou um "ai, coitado..." e eu de cá: "coitado? Como assim? Coitado de quem? Meu filho está bem, saudável, tem uma família que o ama, tem uma casa legal, não passa fome, vive em um ambiente feliz... Como assim coitado???". É óbvio que ela engoliu seco e ficou muito sem graça... Ficou o tempo todo atrás de mim na praça...
Eu respondi no reflexo... Não fui grossa, nem nada parecido, mas acho que fui bem incisiva... Não me conformo com isso... Por que coitado? É isso mesmo gente, meu filho está bem, nós estamos ótimos... Ninguém por aqui com problemas graves de saúde, tudo tranquilo, a vida segue normalmente, não tem nenhuma vítima... Mas, as pessoas não entendem isso...
Aí, semana passada estava lendo uma entrevista do senador Lindbergh Farias na internet (http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2011/09/06/nao-mudaria-nada-em-beatriz-diz-lindbergh-farias-sobre-a-filha-down/), contando sobre Beatriz, a filhinha dele de pouco mais de um ano (linda!) que também tem síndrome de Down. E aí, nos comentários, uma mulher escreveu assim: "Tudo muito lindo ele aceitar, mas que é triste é". Como assim???
De novo me deparo com um comentário preconceituoso e de julgamento "estereotipado" sobre felicidade... As pessoas insistem em acreditar que só podem ser felizes os belos (em conformidade com os padrões de estética), ricos, magros, fortes, etc. E eu de cá, fico pensando e volto a questionar, o que é felicidade? Já concluí que esse é um conceito subjetivo e muito, muito pessoal. Vejo tantas pessoas com todos os "itens" para serem felizes e que vivem em depressão...
Não é tristeza ter pessoas com necessidades especiais na família. Acho muito triste quando vejo filhos tratando os pais com desprezo, ou vice versa. Acho muito triste ver os jovens se drogando loucamente e acabando com as próprias vidas. Acho muito triste ver as pessoas se matando por causa de bens materiais (até dentro das próprias famílias). Acho muito triste ver que as pessoas em meio à efemeridade da vida tratam as outras com tanta arrogância, se sentindo superiores por causa de alguns números a mais em suas contas correntes ou porque possuem um conhecimento intelectual superior... Acho tudo isso muito triste.
Lindbergh pode até ser triste, mas Beatriz com certeza não é o motivo disso e mais, Beatriz com certeza é uma criança feliz, porque é amada e acolhida por uma família equilibrada e unida.
Acho que precisamos mesmo resignificar muitos conceitos...
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Recalculando Rota*
A ideia de escrever esse texto surge de uma necessidade absurda de expressar a minha gratidão. Sim, esse é o sentimento mais marcante dessa...
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Características Físicas Há características presentes em algumas crianças com síndrome de Down que não influenciarão no seu desenvolvimento...
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A ideia de escrever esse texto surge de uma necessidade absurda de expressar a minha gratidão. Sim, esse é o sentimento mais marcante dessa...
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Ontem foi o seu dia, filho. Seis anos da sua presença e energia em nossas vidas. Seis anos de uma nova vida para mim. Seis anos de aprendiz...
Concordo plenamente com vc, sindrome de down não é sinônimo de tristesa. Uma pessoa down pde ser feliz sim, quem disse que não? e Lindberg não está triste por ter uma filha down , ao contrario, sempre que tem oportunidade ele fala sobre ela e ainda diz "é um sentimento que não tem nada de tristeza".
ResponderExcluirOi Vaneska, sou Maria Antonia, mãe da Beatriz. Ela é uma criança feliz e nos faz muito felizes todos os dias. Talvez com ela tenhamos aprendido a dar mais valor às conquistas cotidianas e vibramos a cada etapa. Acho que também ficamos mais generosos com o outro. Aceitar que cada um pode ser feliz a partir dos seus próprios referenciais de felicidade, e não daqueles que a sociedade convencionou ou que nós, pais, tendemos a projetar para nossos filhos, nos faz mais tolerantes, maia humanos e mais felizes!
ResponderExcluirPois é, Maria Antonia, nós somos sim privilegiados por ter de perto a condição e a felicidade de aprender tudo isso e mais ainda, privilegiados por entender que a felicidade está nas pequenas coisas, nas pequenas vitórias do dia a dia, no amor que temos em nossas vidas - isso sim é o que nos faz felizes... (Não posso deixar de registrar que sua Bia é linda demais, apaixonante...)
ResponderExcluirBeijos em todos vocês
É isso Vaneska! Nossos filhos não são vítimas nem precisam de piedade. São espíritos ávidos por conhecimento e evolução e nós, pais, fomos escolhidos para possibilitá-los esse desenvolvimento, crescendo com eles. Beijos. Sheila, mãe de Ernesto.
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