Tanto tempo sem escrever... É que os últimos dias não têm sido nada fáceis... Rotina pesada essa minha! Mas, vamos que vamos!
Na última segunda-feira as férias de Mateus acabaram... De volta à rotina escolar, aliás, eu já estava doida por isso, porque menino em casa, os pais trabalhando o dia todo só pode resultar em energia acumulada! E o meu pequeno já estava cansado de ficar em casa, já estava até pedindo para ir ver tia Romilda (a pediatra), pense!
Enfim, recomeçamos e como eu já esperava... Com alguma resistência. Mateus vai o caminho todo sempre empolgado, contando mil coisas, planejando outras mil, mas quando chegamos na escola, ele olha para mim e diz: mãe, quero voltar para casa!
Ai meu Deus, e eu fico naquela situação... Converso com ele, digo tudo que ele tinha planejado, mas olhar todas aquelas crianças, disputar brinquedos e atenção não deve ser mesmo uma tarefa muito fácil... Mas, fa z parte! Então, eu brinco, tento distraí-lo, sento no chão e o tempo vai passando. Meu filho não é convencido facilmente, então a mamãe sai e o filhote fica chorando... Eu fico, confesso, arrasada com essa despedida. Sei que é assim mesmo, na teoria é fácil, mas na prática... Haja coração!
Mas, eu saio, preciso trabalhar... E ligo minutos depois para saber se ficou tudo bem! A secretária vai lá, olha e volta com um feliz retorno: mãe, ele já está com a turma, ouvindo história. Ufa!
É isso mesmo, recomeço, um novo ciclo, uma nova pró, alguns novos coleguinhas, uma nova rotina. Eu o entendo perfeitamente, mudar não é nada fácil. Muito melhor é ficar protegido em nosso cantinho. Quem está sentindo falta demais é o irmão que teve essa companhia durante todo o dia por quase dois meses e agora está procurando, sente falta na hora do almoço (Mateus almoça na escola) e quando o irmão chega, Lucas grita de alegria, bate palmas e fica muito, mas muito feliz - a coisa mais linda de ver esse amor que ele nutre pelo irmão - parceria que só faz crescer!
E por falar em escola, a que eu escolhi para os meus filhos (sim, para os dois, porque em breve Lucas estará lá também) respeita a infância e valoriza cada momento, por isso, li o texto que posto abaixo e tive ainda mais certeza de que o que eu quero para os meus filhos é que eles sejam felizes e nada como uma escola que busca proporcionar bons momentos para as crianças que por lá convivem.
Concordo demais com as palavras de Rubem Alves e se com Mateus eu já pensava assim, depois de Lucas tenho ainda mais certeza de que devemos sim ensinar aos nossos filhos que eles devem ter responsabilidade com suas vidas, dar limites, mas acima de tudo, preencher a vidinha deles com amor e curtir muito esse momento que é a infância. Não tem como não viver dias felizes com essa receita... O futuro é plantado a cada dia!
A inutilidade da infância
O pai orgulhoso e sólido olha para o filho saudável e imagina o futuro.
Que é que você vai ser quando crescer?
Pergunta inevitável, necessária, previdente, que ninguém questiona.
Ah! Quando eu crescer, acho que vou ser médico!
A profissão não importa muito, desde que ela pertença ao rol dos rótulos respeitáveis que um pai gostaria de ver colados ao nome do seu filho...Engenheiro, Diplomata, Advogado, Cientista...
Imagino um outro pai, diferente, que não pode fazer perguntas sobre o futuro. Pai para quem o filho não é uma entidade que “vai ser quando crescer“, masque simplesmente é, por enquanto...
É que ele está muito doente, provavelmente não chegará a crescer e, por isso mesmo, não vai ser médico, nem mecânico e nem ascensorista...
Que é que seu pai lhe diz? Penso que o pai, esquecido de todos “os futuros possíveis e gloriosos“ e dolorosamente consciente da presença física, corporal, da criança, aproxima-se dela com toda a ternura e lhe diz: “se tudo correr bem, iremos ao jardim zoológico no próximo domingo...”
É, são duas maneiras de se pensar a vida de uma criança. São duas maneiras de se pensar aquilo que fazemos com uma criança.
Eu me lembro daquelas propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, por ocasião do ano da criança com deficiencia.
E apareciam lá, na tela, as crianças e adolescentes, cada uma diferente a seu modo, com síndrome de Down, paralisia cerebral, com deficiencia visual, e aquilo que nós estávamos fazendo com eles... Ensinando, com muito amor, muita paciência.
E tudo ia bem até que aparecia o ideólogo da educação dos deficientes para explicar que, daquela forma, esperava-se que as crianças viessem a ser *úteis*, socialmente...
E fiquei a me perguntar se não havia uma pessoa sequer que dissesse coisa diferente, que aquelas escolas não eram para transformar cegos em fazedores de vassouras, nem para automatizar os deficientes para que aprendessem a pregar botões sem fazer confusão...
Será que é isto? Sou o que faço? Ali estavam crianças diferentes, "não-seres" que virariam "seres sociais" e receberiam o reconhecimento público se, e somente se, fossem transformados em *meios de produção*.
Não encontrei nem um só que dissesse: “através desta coisa toda que estamos fazendo esperamos que as crianças sejam felizes, dêem muitas risadas, descubram que a vida é boa...
Voltamos ao pai e ao seu filhinho leucêmico. Que temos a lhe dizer? Que tudo está perdido? Que o seu filho é um *não-ser* porque nunca chegará a ser útil socialmente? E ele nos responderá: “mas não pode ser... Sabe?
Ele dá risadas. Adora o jardim zoológico. E está mesmo criando uns peixes, num aquário. Você não imagina a alegria que ele tem, quando nascem os filhotinhos."
De noite nós nos sentamos e conversamos. Lemos histórias, vemos figuras de arte, ouvimos música, rezamos... Você acha que tudo isto é inútil? Que tudo isto não faz uma pessoa? Que uma criança não é, que ela só será depois que crescer, que ela só será depois de transformada em meio de produção?“
Claro, se a coisa importante é a *utilidade social* temos de começar reconhecendo que a criança é inútil, um trambolho. Como se fosse uma pequena muda de repolho, bem pequena, que não serve nem para salada e nem para ser recheada, mas que, se propriamente cuidada, acabará por se transformar num gordo e suculento repolho e, quem sabe, um saboroso chucrute?
Então olharíamos para a criança não como quem olha para uma vida que é um fim em si mesma, que tem direito ao hoje pelo hoje... Reconheçamos: as crianças são inúteis... Uma sonata de Scarlatti é útil? E um poema? E um jogo de xadrez? Ou empinar papagaios? Inúteis. Ninguém fica mais rico. Nenhuma dívida é paga. É que, muito embora não produzam nada, elas produzem o prazer.
O primeiro pai fazia ao filho a pergunta da utilidade: “qual o nome do meio de produção em que você deseja ser transformado?“
O segundo, impossibilitado de fazer tal pergunta, descobriu um filho que nunca descobriria, de outra forma: “vamos brincar juntos, no domingo?“
*Com base no livro de Rubem Alves "Estórias de quem gosta de ensinar".*
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
Momento "Férias"
Agora vocês vão saber porque me ausentei por tanto tempo:
depois da minha licença maternidade, fiquei apenas 20 dias de férias e não 30
como normalmente todo mundo faz. Mas, foi por um bom motivo: deixei os outros
dias para curtir com o meu primogênito (claro que meu pequeno Luluquito se
aproveitou disso também!).
E foi então que dois dias após a virada de ano, nós pegamos o ferry em direção à ilha. Eu, Mateus, Lucas,
Tia Cíntia, Peu e Dudinha (com as babás, claro) fomos com o objetivo de muita
diversão durante uma semana na ilha, na casa da vovó. Os papais chegaram dois dias depois para incrementar ainda mais a semana de diversão!
A viagem de ida foi super tranquila (correria mesmo é para
arrumar tanta bagagem!), mesmo sem passagem nós conseguimos embarcar menos de
uma hora depois que chegamos na fila de veículos. (Sinceramente, não sou muito
fã da ilha, já gostei mais, mas a agonia na fila do ferry me deixa bem cansada
e aquela confusão, aquela bagunça que meus conterrâneos fazem me deixam um pouco
desanimada...) Enfim, ainda bem que tudo passou rápido, graças a Deus!
Logo que chegamos, a folia estava pronta: os meninos
ansiosos pela sonhada piscina e toda a diversão que ela promete. Até Lucas se
esbaldou nessa farra (claro que por poucos minutos).
Para mim foram dias diferentes (não exatamente de descanso),
mas de muita satisfação por estar o tempo todo com os meus pequenos – isso me
ilumina! E nem mesmo os contratempos tiraram a magia daqueles momentos. Ver
como Mateus está esperto, danado, desafiador (nadando sem bóia – mostrando que
está aprendendo direitinho nas aulas de natação) e feliz. Mateus estava feliz
demais, curtindo cada momento, cada situação – se mostrando cada vez mais
independente. Fiquei muito orgulhosa do meu homenzinho (aliás, muito breve vou
trazer um novo post com as pérolas desses dias).
E meu Luluquito... Todo lindo, satisfeito por estar em família. Vivendo
cada momento, participando de tudo, exceto quando estava dormindo, e curtindo
demais também. Levei ele à praia e tomamos um banho rápido, com direito à
chuveirada e uma mamada logo depois – que acho que foi o que ele mais curtiu!
Aliás, foi lá que Lucas bateu uma das metas de tia Val (a
fono): bateu palmas sozinho pela primeira vez ao som do “parabéns pra você” que
estamos treinando diariamente – e foi lindo e emocionante! Fiquei emocionada
demais com mais esse passo do meu pequeno. E não foi só: lá também o meu
filhote começou a mandar beijos – fiquem daí imaginando a boca mais linda
fazendo a maior careta para finalizar com um sonoro beijinho – coisa linda da
mamãe!
Ainda não postei aqui, mas Lucas já senta sozinho, sem apoio
e agora em posição de gato, ele balança tentando se mover engatinhando, mas
ainda está um pouco inseguro. Na posição, já senta sozinho. Apóia as
mãozinhas e tanta pegar os objetos (ou as pessoas) que deseja.
Foi bom demais ficar esses dias na companhia da minha
turminha. Ah, e lógico que foi bom demais também ter a companhia adorável dos
primos Peu e Dudinha, da tia Cíntia, do papai e do dindo (de Mateus) – meu
querido cunhado Vene. Nos divertimos à beça! E rimos bastante com as pérolas
dessa turminha que a cada dia nos ensina muitas coisas, mas principalmente a
amá-los ainda mais!
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